Como nasce o Fora da Caixa

A necessidade de criar este projeto nasce durante os períodos de confinamento derivados da Pandemia Covid 19, em que participei em diversos workshops e webinars temáticos. Sempre que me apresentava, referia o facto de ter Paralisia Cerebral para justificar a minha dicção, momento em que as pessoas faziam caras estranhas no ecrã, fazendo com que me justificasse, dizendo que esta deficiência nada tinha a ver com défice cognitivo, uma vez que estava perante participantes fora dos circuitos ligados ao associativismo da população com deficiência.

Com a tomada de consciência desses episódios recorrentes, percebi que estava perante um problema social, o qual vivenciei diversas vezes em diferentes contextos e que era também comum a outras pessoas com Paralisia Cerebral.

Conversando com pessoas fora da área social e da área da saúde, foi-me transmitido que se tratava de um problema social diretamente ligado a estereótipos criados e perpetuados como sendo uma doença\deficiência mental devido à terminologia – Paralisia Cerebral.

A consequência dessas crenças leva a um comportamento paternalista das pessoas, por não terem conhecimento sobre esta deficiência, condicionando assim, de uma forma inconsciente, os seus comportamentos para com a pessoa com Paralisia Cerebral, e tendo como consequência a privação das mesmas em terem uma participação ativa da sociedade.

Concluo que a assertividade das mensagens, das ações promovidas nas diversas áreas sociais ou outras, sobre a valorização desta população enquanto seres sociais não está a produzir efeitos desejados mantendo assim os estereótipos anteriores.

Ao refletir sobre este tema, observei que a comunicação é muitas vezes feita em circuito fechado, ou seja, as pessoas com deficiência tendem a comunicar mais entre si e sobre si, não se desafiando a sair das suas zonas de conforto, escolha essa validada por comportamentos paternalistas de quem as rodeia, tanto de familiares como das instituições..

De forma a sermos capazes de alterar este padrão, a comunicação para fora deste circuito, deve ser desconstruída de forma natural e com ações efetivas no terreno, tornando a comunicação mais emocional e humanizada, respeitando, mas acrescentando formas de atuação dos protocolos instituídos para uma boa integração.

Cada pessoa é uma pessoa com necessidades e expectativas futuras individuais.

Fora da Caixa?

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